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O que esperar da economia no segundo semestre de 2023?

O ano de 2023 promete ser de muitos desafios e incertezas para a economia brasileira. Depois de um 2022 marcado pela inflação elevada, pela alta dos juros e pela instabilidade política, o que podemos esperar para o segundo semestre do próximo ano? Quais serão os principais fatores que vão influenciar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), dos preços, dos investimentos e do consumo? Neste artigo, vamos tentar responder a essas perguntas, com base nas projeções e análises de especialistas do mercado financeiro.

Inflação: pressão deve continuar

Um dos maiores problemas enfrentados pelo Brasil em 2022 foi a inflação, que deve encerrar o ano acima de 6%, superando o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,75%. Essa foi a terceira vez seguida que o país estourou o limite superior da meta, algo que não acontecia desde 2003.

A inflação foi impulsionada por diversos fatores, como a alta dos preços das commodities no mercado internacional, a crise hídrica que afetou a geração de energia elétrica, os efeitos da pandemia sobre a oferta e a demanda de bens e serviços, e as incertezas fiscais e políticas que afetaram o câmbio e as expectativas.

Para 2023, a expectativa é de que a inflação continue em um patamar elevado, mas com alguma desaceleração. O relatório Focus, elaborado pelo Banco Central com base nas projeções de analistas do mercado, aponta uma inflação de 5,23% para o fim do próximo ano, ainda acima do centro da meta de 3,25%. A XP Investimentos projeta uma inflação de 5,4%, enquanto a SulAmérica Investimentos prevê uma taxa de 4,8%.

Entre os fatores que devem manter a pressão inflacionária no segundo semestre de 2023 estão:

  • A energia elétrica, que deve continuar com bandeira vermelha patamar 2 até abril, e depois passar para a bandeira amarela. A crise hídrica ainda não foi superada e depende das chuvas nos próximos meses para aliviar o nível dos reservatórios das hidrelétricas.
  • Os alimentos, que devem seguir com preços elevados em função da demanda aquecida, dos custos de produção e dos problemas climáticos que afetam as safras. Além disso, a alimentação fora de casa deve subir mais com a retomada do setor de serviços.
  • Os combustíveis, que devem acompanhar a cotação do petróleo no mercado internacional, seguem em alta. A Petrobras já anunciou reajustes nos preços da gasolina e do diesel para janeiro, e novos aumentos podem ocorrer ao longo do ano.
  • Os serviços, que devem registrar uma recuperação mais forte com o avanço da vacinação e a flexibilização das medidas de distanciamento social. A demanda reprimida por viagens, lazer, educação e saúde deve impulsionar os preços desses segmentos.
  • Os salários, que devem ter reajustes acima da inflação em alguns setores, especialmente os mais afetados pela pandemia. A recuperação do mercado de trabalho deve aumentar o poder de barganha dos trabalhadores e pressionar os custos das empresas.

Juros: ciclo de alta deve terminar

Para tentar conter a inflação e ancorar as expectativas do mercado, o Banco Central iniciou em março de 2022 um ciclo de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic. Desde então, a Selic subiu sete vezes consecutivas, passando de 2% ao ano para 13,75% ao ano.

A expectativa é de que o Banco Central termine esse ciclo no início de 2023, com mais uma elevação de 0,25 ponto porcentual, levando a Selic para 14% ao ano. Depois disso, a autoridade monetária deve manter a taxa estável por alguns meses, até iniciar um processo de redução gradual no segundo semestre.

O relatório Focus projeta uma Selic de 12% ao ano para o fim de 2023. A XP Investimentos também prevê esse patamar, mas adiou a expectativa de corte dos juros para 2024. O Inter ainda aposta em uma redução da Selic no meio do ano que vem, enquanto a SulAmérica acredita que os juros devem terminar o ano em 12,25%. O Bank of America vai mais longe e espera que a Selic termine em 2023 em 10,50%.

Entre os fatores que devem permitir uma queda dos juros no segundo semestre de 2023 estão:

  • A desaceleração da inflação, que deve refletir o efeito da alta da Selic, a normalização da oferta e da demanda de bens e serviços, e a dissipação dos choques temporários de preços.
  • A melhora do cenário fiscal, que deve depender do cumprimento do teto de gastos pelo governo eleito, da aprovação de reformas estruturais e da redução da dívida pública em relação ao PIB.
  • A estabilidade do câmbio, que deve ser influenciada pela política monetária, pela situação fiscal e pelo cenário externo. Uma menor volatilidade cambial tende a reduzir as pressões inflacionárias e as incertezas do mercado.
  • A moderação do crescimento econômico, que deve diminuir a demanda agregada e o aquecimento do mercado de trabalho. Uma menor atividade econômica tende a abrir espaço para uma política monetária mais frouxa.

PIB: crescimento deve perder força

Depois de surpreender positivamente em 2022, com um crescimento estimado em 5%, o PIB brasileiro deve perder força em 2023. O relatório Focus projeta uma expansão de 2% para o próximo ano. A XP Investimentos prevê um crescimento de 1,7%, enquanto a SulAmérica Investimentos espera um avanço de 1,5%.

Entre os fatores que devem limitar o crescimento econômico no segundo semestre de 2023 estão:

  • O aperto monetário, que deve encarecer o crédito e desestimular o consumo e o investimento. A alta dos juros também tende a reduzir a rentabilidade das empresas e afetar o mercado de capitais.
  • A inflação persistente, que deve corroer o poder de compra dos consumidores e comprometer a confiança dos agentes econômicos. A inflação também tende a aumentar a desigualdade social e gerar insatisfação popular.
  • A incerteza política, que deve se manter elevada em função das eleições presidenciais de 2022 e das dificuldades do novo governo em implementar sua agenda econômica. A incerteza política também tende a afastar os investidores estrangeiros e prejudicar o ambiente de negócios.
  • O cenário externo, que deve apresentar uma desaceleração do crescimento global, principalmente dos Estados Unidos e da China. O cenário externo também deve trazer riscos relacionados à pandemia, à geopolítica, à regulação das big techs e à transição energética.

Conclusão

O segundo semestre de 2023 deve ser de muitos desafios e incertezas para a economia brasileira. A inflação deve continuar em um patamar elevado, mas com alguma desaceleração. O Banco Central deve encerrar o ciclo de alta dos juros no início do ano e iniciar um processo de redução gradual no segundo semestre. O PIB deve perder força e crescer menos do que em 2022. Os fatores que vão influenciar o desempenho econômico são diversos e complexos, envolvendo questões domésticas e internacionais.

Diante desse cenário, é importante acompanhar as notícias, as projeções e as análises dos especialistas do mercado financeiro. Também é fundamental ter cautela, planejamento e diversificação na hora de tomar decisões financeiras. Assim, é possível se preparar melhor para os possíveis cenários e aproveitar as oportunidades que podem surgir.

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